Por: Rabino Eliahu Birnbaum
Esta parashá tem duas fases diferentes: o mundo antes do dilúvio e o mundo depois do dilúvio, ou seja, o nosso mundo. Noach fracassou, porque salvou-se apenas a si mesmo, sendo incapaz de salvar a sua geração. Estaria ele satisfeito? É possível que somente depois do dilúvio Noach pode começar a perceber o que havia ocorrido. Todo o seu mundo havia desaparecido, tudo foi destruído, tudo tinha sido arrasado pela fúria das águas do dilúvio. Apesar de que os habitantes do mundo tenham sido seres perversos, eram, no entanto, seres vivos que respiravam e que haviam sido totalmente eliminados pelo dilúvio.
Após o dilúvio, a Noach lhe foi outorgado um presente especial, um obséquio que não havia sido conferido ao primeiro homem: um pacto com ele e com seus descendentes.
Nesta parashá é revelado o pacto com o mundo, o pacto entre o Criador e sua criação. Esta é a base da sobrevivência de Noach depois do dilúvio: sua função é a de estabelecer um pacto valioso para as gerações vindouras. Este pacto estabelece que o mundo não será destruído novamente, e que o caos não retornará jamais.
O pacto foi estabelecido entre D-us, Noach e as gerações vindouras, incluindo a toda a humanidade. Noach é o representante de toda a humanidade, e a origem da expressão “descendentes” de Noach, quer dizer, todos os seres humanos do mundo que D-us criou à Sua imagem.
“E disse D-us: ... “E com toda alma viva que está convosco, com a ave, com o animal e com todo animal selvagem da terra convosco”.
Esta afirmação amplia o marco do pacto, ou seja, que não se trata apenas de um pacto entre D-us e o homem, mas sim entre todo vivente e o Criador, entre D-us e a natureza. Neste pacto está incluído todo ser que possua o dom da vida, seja homem ou animal. Tudo o que respira está incluído neste pacto.
O pacto Divino não é similar a um pacto humano. Não se trata de um pacto que determina condições entre as duas partes com respeito a interesses comuns. Não se anula nem se modifica como conseqüência de uma mudança de uma das partes. Este pacto é uma lei da realidade natural. É uma criação Divina que se encontra além das inalteráveis leis da natureza. O pacto que se estabeleceu como decorrência de uma crise na geração do dilúvio constitui uma promessa Divina com respeito a existência do homem, inclui não apenas a seguridade de sua existência física mas também, a preservação de sua existência espiritual, ou seja a permanência de sua criação à semelhança de D-us”.
O pacto entre D-us e o homem, a criação e a natureza, não se produz apenas em forma verbal, mas se concretiza através do arco-íris. O arco constitui a prova de que não se produzirá outro dilúvio sobre a terra, capaz de destruir a humanidade.
Distintos intérpretes, Maimônides entre eles, afirmam que o arco-íris não é um fenômeno sobrenatural, milagroso, que se foi produzido depois do dilúvio, já que nossos olhos podem perceber este fenômeno colocando um recipiente com água sob os raios solares. Qual é então o sinal constituído com o aparecimento do arco-íris? É a renovação, depois do dilúvio, do arco-íris que foi criado durante a criação do mundo, para que constituísse um sinal e a garantia da existência da humanidade e a conservação do mundo.
Antes do dilúvio, o arco-íris era um fenômeno natural que não possuía um significado especial que foi adquirido depois do mesmo, convertendo-se então em um símbolo.
O arco-íris é, na realidade, um raio de sol puro que se desmembra em sete tonalidades. Talvez estas sete tonalidades representem a variedade que existe entre os seres humanos, desde a cor mais escura a mais pura, e então isso nos lembra que o pacto foi estabelecido com toda a natureza, com toda a criação, com todas as variedades de seres humanos.
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Respectivamente.
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